domingo, 2 de novembro de 2008

Hegel: um projeto de conhecimento universal


George Wilhelm Friedrich Hegel [1770-1831], nascido em Stuttgart, foi o principal expoente do idealismo alemão. Ponto culminante do racionalismo. Busca oferecer respostas para o maior número de questões ao tentar reconciliar a filosofia com a realidade. O sistema “hegeliano” constitui a última grande expressão de um idealismo cultural, a última grande tentativa para fazer do pensamento, o refugio da ‘razão e da liberdade’.

Alguns pontos básicos do pensamento de Hegel:
1o) Entendimento da realidade como Espírito. Entender a realidade como espírito, de acordo com a filosofia de Hegel, é entende-la não apenas como substância - um enrijecimento do espírito, como pensava Schelling -, mas como sujeito. Isso significa pensar a realidade com processo, como movimento, e não somente com coisa (substância).
2o) A realidade, enquanto Espírito, possui uma vida própria, um movimento dialético. Ou, os diversos movimentos, sucessivos e contraditórios, pelos quais, determinada realidade se apresenta.
Hegel quer captar em sua filosofia o movimento dialético da realidade. Assim como um botão precisa desaparecer para que a flor surja, e a flor desaparece para que surja o fruto, da mesma forma, todas as coisas passam por um processo dinâmico de transformação que leva a uma síntese superior.
Nesse exemplo, Hegel ressalta que a realidade não é estática, mas dinâmica, e em seu movimento apresenta momentos que se contradizem entre si, sem, no entanto, perderem a unidade do processo, que leva a um crescente auto-enriquecimento.
Esse desenvolvimento, que se faz através do embate e da superação de contradições, Hegel denominou dialética.
Hegel compreende esse movimento do real, ou do Espírito que se realiza, como um movimento que se processa em três momentos:
- O primeiro, do ser em si;
- O segundo, do ser outro ou fora de si;
- O terceiro, do ser para si.
Esses três momentos, são comumente chamados de tese, antítese e síntese.
Hegel, os concebe como um movimento em espiral, um movimento circular que não se fecha, pois cada momento final, que seria a síntese, se torna a tese de um movimento posterior, de caráter mais avançado. O fio condutor dessa reflexão totalizante é a relação entre finito e infinito. Hegel acredita que o trabalho da filosofia é um trabalho de superação do entendimento finito e, limitado, das coisas finitas e limitadas, para alcançar o saber absoluto, que é o saber da coisa em si.
Como sistema filosófico a obra de Hegel procura demonstrar esse caminho do conhecimento finito ao conhecimento absoluto em vários campos do saber.
Em relação ao Espírito, Hegel reconheceu três momentos:
- O espírito subjetivo (que se refere ao indivíduo e à consciência individual);
- O espírito objetivo (que se refere às instituições e costumes historicamente produzidos pelos homens);
- O espírito absoluto (que se manifesta na arte, na religião e na filosofia, como espírito que se compreende a si mesmo). Hegel diz que ‘a história é o desdobramento do Espírito no tempo’. Tudo que é real, é racional, tudo que é racional é real. Isso equivale a dizer que todas as coisas existentes, mesmo as piores, fazem parte de um plano racional e que, portanto, tem um sentimento dentro do processo histórico. Tal afirmação hegeliana recebeu inúmeras crítica, já que pode levar a um certo conformismo ou a uma passividade diante das injustiças sociais. Marx foi um de seus principais críticos.

Um comentário:

Beto disse...

Interessante resumo. Gostei.