sexta-feira, 13 de junho de 2008

A Filosofia medieval e o cristianismo


Em meio ao esfacelamento do Império, decorrente, em grande parte, das invasões germânicas, a Igreja católica conseguiu manter-se como instituição social, consolidou sua organização religiosa e difundiu o cristianismo, preservando, também, muitos elementos da cultura greco- romana. Apoiada em sua crescente influencia religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel político na sociedade medieval. Desempenhou a função de conciliadora das elites dominantes, contornando os problemas das rivalidades internas da nobreza feudal. Conquistou, também, vasta riqueza material: tornou-se dona de aproximadamente um terço das áreas cultiváveis da Europa ocidental.


No plano cultural, a Igreja exerceu ampla influência, traçando um quadro intelectual em que a fé cristã era o pré-suposto da vida espiritual.
Consistia na crença irrestrita ou na adesão incondicional às verdades reveladas por Deus aos homens. Verdades expressas nas Sagradas Escrituras (Bíblia) e interpretadas segundo a autoridade da Igreja.
De acordo com a doutrina católica a fé representava a fonte mais elevada das verdades reveladas – Afirmava Santo Ambrósio (340-397, aproximadamente): Toda verdade, dita por quem quer que seja, é do Espírito Santo.
Toda investigação filosófica ou científica não poderia, de modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé católica. Os filósofos não precisavam se dedicar à busca da verdade, pois ela já havia sido revelada por Deus aos homens. Restava-lhes, demonstrar racionalmente as verdades da fé.
Religiosos desprezavam a filosofia grega, sobretudo porque viam nessa forma pagã de pensamento uma porta aberta para o pecado, a dúvida, o descaminho e a heresia.
Por outro lado, surgiram pensadores cristãos que defendiam o conhecimento da filosofia grega, sentindo a possibilidade de utiliza-la como instrumento a serviço do cristianismo. O objetivo era convencer os descrentes, pela razão para depois faze-los aceitar a imensidão dos mistérios divinos.
Nesse contexto, a filosofia medieval pode ser dividida em quatro momentos principais:
Padres apostólicos – do início do cristianismo (século I e II), entre os quais se incluem os apóstolos, que disseminavam a palavra de Cristo, sobretudo em relação aos temas morais. Entre estes se destaca a figura de São Paulo pelo volume e valor literário de sua epístolas ( cartas escritas por um dos apóstolos);
Padres apologistas (século III e IV), que faziam a apologia do cristianismo contra a filosofia pagã. Destacam-se : Orígenes, Justino e Tertuliano, o mais intransigente na defesa da fé contra a filosofia grega.
Patrística ( de meados do século IV ao século VIII), no qual se busca uma conciliação entre a razão e a fé e se destacam a figura de Santo Agostinho e a influência da filosofia platônica;
Escolástica ( do século IX a XVI), no qual se buscou uma sistematização da filosofia cristã, a partir da interpretação da filosofia de Aristóteles e se destaca a figura de Santo Tomás de Aquino.
A característica fundamental dessa filosofia medieval é a ênfase nas questões teológicas, como o dogma da Trindade, a encarnação de Deus-filho, a liberdade e a salvação, a relação entre fé e razão.

Os dois momentos mais importantes da filosofia medieval – a patrística e a escolástica.

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