sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sócrates de Atenas: o homem que sabia perguntar


Ele supõe saber alguma coisa e não sabe,
Enquanto eu, sei não sei, tampouco suponho saber,
Parece que sou um pouco mais sábio que ele exatamente
Por não supor que saiba o que não sei. Sócrates.

Nascido em Atenas, Sócrates (469-399aC.), é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados de pré Socráticos. O próprio Sócrates, porém, não deixou nada escrito,e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários. Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com os jovens, dando demonstração de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento, o saber ao fazer a consciência intelectual à consciência prática ou moral.
Sócrates opunha-se ao relativismo em relação à questão da moralidade ao uso da retórica para atingir interesses particulares.
Sócrates travou uma polêmica profunda, pois procurava um fundamento último para as interrogações humanas. ( O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?).
A pergunta essencial que Sócrates tentava responder era: o que é essência do homem? Ele respondia dizendo que o homem é a sua alma, entendo-se “alma” aqui, como a sede da razão, o nosso eu consciente, que inclui a consciência intelectual moral, e que, portanto, distingue o ser humano de todos os outros seres da natureza.
Por isso, auto conhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática. “conhece-te a ti mesmo”, frase inscrita no Oráculo de Delfos, era a recomendação básica feita por Sócrates e seus discípulos.
Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos críticos com seus inter locutores. Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos básicos: a ironia e a maiêutica.

A ironia

No grego ironia, quer dizer interrogação. Sócrates interrogava seus inter locutores sobre aquilo que pensavam saber. O que é bom? O que é justiça? E a coragem? E a piedade?
Novos problemas que surgiam a cada resposta. Seu objetivo inicial era demolir, nos discípulos o orgulho, a arrogância, e a presunção do seu saber. A primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria ignorância. “sei que nada sei”, dizia Sócrates.
A ironia socrática tinha um caráter purificador porque levava os discípulos confessarem suas próprias contradições e ignorâncias.

A Maiêutica

Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam iniciar o caminho da reconstrução de suas próprias idéias.
Na segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócrates era ajudas seus discípulos a conceberem suas próprias idéias. Essa fase do diálogo socrático, era chamada de maiêutica, termo grego que significa: arte de trazer á luz.

Um corruptor da juventude

Sócrates não dava importância à posição socioeconômica de seus discípulos. Dialogava com ricos e pobres, cidadãos e escravos. O que importava eram as condições interiores, psicológicas de cada pessoa.
Para a democracia ateniense, da qual não participava a maioria da população, composta de escravos, estrangeiros e mulheres Sócrates foi considerado subversivo. Representava uma ameaça social, na medida em que desrespeitava o ordem vigente e dirigia suas atenções para as pessoas sem fazer distinções de classe ou posição social.
Por isso, recebeu a acusação de ser injusto com os deuses da cidade de corromper a juventude. No final do processo foi condenado a beber cicuta (veneno extraído de uma planta do mesmo nome). Diante de seus juízes, Sócrates assumiu uma postura viril,altaneira, imperturbável, de que nada teme.
Foi assim, que Sócrates procurou caracterizar sua vida; construindo um personalidade corajosa e guindo sua conduta pelo seu critério de justiça. Morreu sem ter renunciado a seus mais caros valores morais.

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